sábado, 5 de março de 2011

Nível dos rios sobe cerca de 10 metros no Pará

Seis cidades do Pará estão sendo monitoradas pela Defesa Civil por causa da subida dos rios que cruzam os municípios do Estado. A situação de Marabá é considerada a mais grave e já obrigou mais de 2.000 pessoas a deixarem suas casas. A prefeitura do município decretou estado de emergência nesta sexta-feira (4).
Além de Marabá, o sudeste paraense tem a cidade de Tucuruí em observação constante. Já no sudoeste do Estado, estão sendo monitoradas as cidades de Altamira, Itaituba e Parauapebas, enquanto no Baixo Amazonas é Santarém que preocupa.
No último balanço divulgado pela Defesa Civil, hoje de manhã, o nível do Tocantins, em Marabá estava com 11,74 metros acima do nível normal e a tendência era que chegasse a 12 metros –ou até 15– caso as chuvas se intensifiquem na cabeceira do rio. A situação é considerada preocupante pela Defesa Civil quando o aumento alcança a marca de 10 metros.
O rio Xingu, em Altamira, estava com 7,2 metros acima do normal e a previsão é que a situação de quem mora próximo se agrave com a subida do rio a até 10,4 metros. Em Parauapebas, a marca de 9,53 metros do rio de mesmo nome é considerada crítica, com maiores riscos de alagamentos.
Por enquanto, apenas Marabá decretou estado de emergência, por recomendação da Defesa Civil. O órgão já havia alertado os municípios, em janeiro deste ano, sobre as cheias.

Previsão e alertas

O doutor em meteorologia e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Everaldo Barreiros, afirma que o serviço de monitoramento meteorológico e hídrico do Pará, do qual a instituição faz parte, tem condições de prever o cenário de subida dos rios com três meses de antecedência.
Ele explica que o objetivo do monitoramento é municiar as autoridades de informações que possam ajudá-las a atender as populações ameaçadas. As ações deveriam remediar os problemas, mas também são úteis para o planejamento de ações preventivas.
O problema, observa, é que a maioria se restringe a remediar e, em muitos casos, há agravantes como a forte migração para os locais alagáveis, a ocupação desordenada da cidade e a resistência de algumas famílias em deixarem o local. É o caso de Marabá.
O coordenador da Defesa Civil da cidade, Francisco Alves, afirma que bairros como o de Cidade Nova já foram construídos como alternativas, mas a realidade é que a maioria das famílias hoje desabrigadas pela cheia do Tocantins voltará para o local quando o volume do rio baixar.
A explicação dele é que as áreas são atrativas porque facilitam as atividades comerciais e de pesca dos moradores. Há também forte ocupação por pessoas que se instalam na cidade em busca de trabalho na área de mineração.
O professor Everaldo Barreiros adverte que, diante das pesquisas que mostram a intensificação das chuvas nos próximos anos –além da forte corrente migratória, da ocupação desordenada e da degradação ambiental–, os alagamentos tendem a se agravar.
Em Marabá, a prefeitura está remediando a atual situação construindo abrigos para os afetados. Sobre a demora das obras, apesar de o alerta ter sido dado em janeiro, o coordenador da Defesa Civil diz que houve atraso na aquisição de material de construção por causa de “burocracia”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagens populares