Ainda sob os efeitos do devastador terremoto de janeiro, o Haiti enfrenta um surto de cólera. De acordo com os últimos números do governo, 138 pessoas morreram e mais de 1,5 mil foram internadas em apenas dois dias.
Para o diretor-executivo da ONG Viva Rio, Rubem César Fernandes, que está em Porto Príncipe, as condições em que vivem ainda os mais de 1 milhão de desabrigados no país ajudam a propagar a doença.
"Os campos onde estão as pessoas desabrigadas tem mais de um milhão de pessoas, então há muitas latrinas a céu aberto onde as pessoas fazem suas necessidades todo dia. Essas latrinas são focos de contaminação gravíssimos. A higiene é complicada, às vezes não há como lavar mãos", disse em entrevista à Reportagem.
O ministro da Saúde do Haiti afirmou que o tipo de cólera encontrado no país é o mais perigoso.
Segundo Fernandes, na sede da ONG, que fica no bairro de Bel Air, houve dois casos da doença e em duas escolas em que a organização atua no mesmo bairro, também há casos.
"O Ministério da Saúde nos convocou para que nossa área de trabalho vire um centro de referência porque nós temos uma clínica de campanha que é tocada por médicos haitianos. Estamos já hoje nos tornando um centro de referência para receber tanto as pessoas que já estejam com a doença quanto para prevenção e educação etc. Estamos nos organizando para ter uma resposta local num dos bairros mais pobres e problemáticos que é Belair", disse.
De acordo com o diretor-executivo da Viva Rio, soma-se ao problema dos milhares de desabrigados, o lixo que ainda se acumula nas ruas da capital do país e a água contaminada.
"Você tem não só dejetos humanos como restos de comida que podem estar contaminados, animais que comem e poder estar também se contaminando. Lixo, dejetos humanos e água não tratada são um campo fertilíssimo para a propagação da epidemia."
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