quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Rio de Janeiro em Caos.


Moradores medo Penha
Comércio fechado, ruas vazias e pessoas andando com pressa. Na Avenida Brás de Pina, uma das principais da Penha, no subúrbio do Rio, esta quinta-feira (25), como nos últimos dias, tem escapado da rotina. O local é um dos acessos à favela Vila Cruzeiro, onde a polícia faz operações contra os traficantes. Há quem saia de casa só para ver os blindados da Marinha e da polícia, que viraram atração no bairro, mas alguns moradores se escondem.
Prisioneira
“Eu me sinto uma prisioneira por não poder sair de casa. É muito triste. Parece cena de filme”, conta a dona de casa Rosa Borges, de 57 anos, sobre os tanques e o “Caveirão”, o carro blindado do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope), enfileirados em frente ao prédio dela. “Moro aqui há 20 anos e é a primeira vez que vejo isso. Tenho mudo medo”, afirma a mulher que assistia a tudo atrás das grades da janela.

“Estou apavorada”, desabafa Luciara da Silva, 47, que esperava um ônibus para voltar para casa, por volta de 16h30. “Está demorando muito. Normalmente, é rapidinho.” A dona de casa diz que não teve escolha e precisou ir à Penha nesta quinta. “Tem uma irmã internada no (hospital) Getúlio Vargas. Tive que vir”. A unidade hospitalar tem sido referência na região para o atendimento de pessoas feridas nos confrontos da polícia com os bandidos.
‘Atração turística’
O comerciante José Antônio da Silva, 33, foi à Penha “para fechar um negócio” e pretendia voltar para casa mais cedo do que o previsto. “Essa violência do dia a dia assusta.” Tensas, muitas pessoas não quiseram dar entrevista, mostrar o rosto. O clima era de apreensão para alguns. Para outros, era a chance de ver de perto veículos militares só vistos pela televisão ou no cinema.
Era o caso de um funcionário público que levou seu filho de 15 anos até a Avenida Brás de Pina para ver os blindados e os soldados armados com fuzil de perto.
Prisioneira
“A gente só vê isso (os veículos) nas paradas militares”, diz o homem, que não quis se identificar e tirava fotos da movimentação policial com o celular. Ele conta que mora na Avenida Brás de Pina, em um ponto mais afastado da entrada da favela, e jura não temer ir para rua. “A gente tem que mostrar para eles (criminosos) que não tem medo".
O funcionário público, de 51 anos, mostra otimismo com a ofensiva da polícia na Vila Cruzeiro. “Antes tarde do que nunca. Essa é a atuação das forças do estado para não deixar correr solto". Já para um professor de química, que também não quis revelar o nome, as operações não terão efeito daqui a um tempo.
“A longo prazo isso não resolve. Só a curto prazo. É tudo uma questão de educação”, afirma ele, que tirava fotos dos blindados. “Vou mostrar para os meus alunos. É inédito".

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