quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Grupo de moradores constrói ponte entre duas cidades em Pernambuco

Um grupo de moradores, empresários e comerciantes das cidades de Caruaru (PE) e Frei Miguelinho (PE) construíram uma ponte, de aproximadamente 110 metros de comprimento e seis de largura, sobre o Rio Capibaribe. O custo estimado da obra é de R$ 300 mil e não contou com dinheiro das administrações municipais correspondentes.
De acordo com o grupo responsável pela construção da ponte, a comunidade tentou procurar ajuda do poder público, mas a resposta sempre foi negativa. Eles então se organizaram, fizeram cotas e conseguiram levantar recursos para financiar a construção da ponte. Segundo eles, a obra teria sido feita com a supervisão de um engenheiro.
O prefeito de Frei Miguelinho, Luiz Severino da Silva, disse à reportagem da TV Globo Nordeste que foi procurado pelos moradores há cerca de um ano. “Os vereadores me procuraram, mas eles não queriam esperar que fosse feita uma parceria entre as cidades.”
“Caruaru tem característica de produção e a gente oferece oportunidades de serviço no lado de Frei Miguelinho, por isso dependemos desse pessoal para trabalhar. Quando chove é um problema. A gente chega a fechar a fábrica por falta de mão-de-obra”, disse o comerciante Evaldo Heleno.
Silva disse à reportagem da TV Globo Nordeste, que a prefeitura contribuiu para a construção da ponte, pois R$ 8 mil foram investidos na compra de ferro e cimento. O prefeito disse que levou um engenheiro da prefeitura para verificar o andamento da obra. “Ele me disse que a obra estava sendo bem executada, mas não deu uma garantias, pois não havia um projeto", afirmou.
Obra clandestina
O engenheiro civil Sérgio Machado Melo, assessor da Secretaria de Obras de Frei Miguelinho, disse ao G1 que a obra é irregular. "Não há registro da obra na prefeitura, nem nome de engenheiro responsável pela construção, por isso ela é clandestina."
Obra tem cerca de 110 metros de comprimento e seis metros de largura e custou aproximadamente R$ 300 mil
Melo disse que a obra começou a ser feita antes de janeiro de 2009, quando o atual prefeito assumiu o governo municipal. "Quando assumimos, a ponte já estava em estado de avançado de construção. Vamos pedir a documentação da obra para avaliar as condições dela."
O engenheiro disse que o município não tem condições adequadas de fiscalizar obras. "A ponte foi feita a cerca de 15 quilômetros do Centro da cidade, na zona rural. Temos pouco mais de 15 mil habitantes, que ficam concentrados na área urbana. Frei Miguelinho é uma cidade de poucos recursos e a fiscalização praticamente não existe", afirmou Melo a Reportagem.
O secretário-adjunto de Obras de Caruaru, Verinaldo Gouveia, disse à reportagem da TV Globo Nordeste que o secretário de obras do município, Severino Monteiro dos Santos, visitou o local, há seis meses, acompanhado de um engenheiro. “Ele observou que a obra era totalmente irregular, pois não havia solicitação de projeto estrutural e não tinha responsável técnico.”
Gouveia informou que visitou a obra, nesta terça-feira (11), com Antônio Dagoberto, representante do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea), Antônio Dagoberto, fizeram uma vistoria na ponte. A Prefeitura de Caruaru informou que vai fazer um estudo para verificar se a ponte foi construída de forma correta.
Fiscalização
Em nota, o Crea informou que: "se trata de uma obra d’arte que liga municípios vizinhos, a mesma deve ser objeto de interesse mútuo das administrações municipais em foco. Por outro lado, tal ligação deve fazer parte de via vicinal ou estadual, cabendo tal empreendimento ser do interesse do Departamento de Estradas de Rodagem de Pernambuco (DER-PE).
Ainda de acordo com o documento, ao receber a denúncia pela imprensa, o Crea enviou dois inspetores regionais, que são engenheiros civis, para constatar o fato, buscando, principalmente, as informações do responsável pela obra, assim como de registro da mesma. A princípio foi identificado, visualmente, que a obra não atende aos padrões técnicos de construção de pontes rodoviárias exigidas pelo DER-PE, a exemplo da largura do tabuleiro que só comporta o tráfego para uma via.
Outro ponto observado foi a meso-estrutura da ponte (pilares), em excesso, o qual causará bloqueio ao fluxo de enchentes, levando a estrutura à ruína.
Caso seja verificado que a ponte tenha sido construída por um profissional habilitado, mas que não tenha feito o registro de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), o mesmo será chamado a este Conselho para explicações. Se a construção não tiver um responsável técnico e foi executada por um leigo, o Crea-PE tomará as medidas cabíveis conforme a legislação em vigor.
 

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